Pela primeira vez, em toda minha
vida, precisei utilizar os serviços de saúde pública. Crescer tem dessas
também, a gente perde o plano de saúde da empresa do pai, e se lasca. Por falar
nisso nunca entendi direito essa política de dependentes dos planos de saúde.
Por que os filhos perdem o direito quando chegam a uma determinada idade e as
esposas não? Eu serei sempre filha do meu pai, já as esposas nem sempre. Mas
enfim, eu perdi o plano há um ano.
Nesses longos 25 anos de vida e plano de
saúde, se eu precisei usar umas 10 vezes foi muito, portanto gastar dinheiro
com isso pra quê? Que desperdício! Tá tudo certo, se precisar de uma consulta,
vou lá e pago.
Durante o primeiro ano, não
passei perto de nenhuma clínica, vivi tranquilamente, longe dos médicos e
remédios. Mas de um mês pra cá, precisei ir a três especialistas diferentes, haja
dinheiro. Mas tudo bem, escolha minha. Na última necessidade de pagar uma
consulta assustadoramente cara, a médica, em questão, não tinha vaga, mas eu
estava com uma dor de cabeça assustadoramente dolorosa. Portanto depois de ouvi
da minha mãe que eu deveria pagar um plano de saúde, que nessas horas é que a
gente sente falta, que se eu tiver que internar como vou fazer e todo aquele
blá blá blá chato, mas que faz todo sentido do mundo, ela me sugeriu procurar o
SUS. Me rendi, não podia ser tão ruim assim, e não foi mesmo. Foi pior.
Cheguei ao pronto atendimento público da minha cidade. Como
boa e velha brasileira pedi auxilio a amiga da minha mãe, que trabalha lá, pra
me dar uma ajudazinha no atendimento. Ela ajudou e uma hora depois (imagina se
não tivesse ajudado) fui ouvi meu nome. Entrei.
- Coloca sua mala ali no chão, no cantinho - Coloquei.
- Agora senta, virada pra porta, de lado pra mim - Sentei
- Me diz, o que você está sentindo?
- Então, sabe o que é, eu tenho rinite né...
- É pra dizer o que você está sentindo, rinite é um
diagnostico do médico.
Mas é o que eu estou sentindo ué, estou sentindo rinite.
Dizer isso já economiza dizer, estou com nariz entupido, cansaço, falta de ar,
e todos esses sintomas que caracterizam essa doença chata, que me adora.
- Dor de cabeça...
- Ham, mais o que?
- Escoriação e... - Era pra dizer coriza, mas disse
escoriação, estava tão nervosa com a “educação” do rapaz que só me dei conta da
besteira que eu falei, depois que falei ela, duas vezes.
- Tá ótimo! Isso é só uma triagem tá? Pode tirar a pressão
dela.
Só isso? Tá bom? Já? Como assim? Economia de sintomas? Por
estar usando o serviço público tenho direito a dois sintomas por consulta, é
isso? Só de saber da dor de cabeça, e da escoriação, digo, coriza, já dá pra
saber o que se passa comigo? Bem, é só uma triagem, muito da mal feita, mas é
só uma triagem, quando o médico me atender poderei falar tudo o que sinto.
Pensei.
- Há quanto tempo você tá assim?
- Bem, a rinite começou há três semanas e...
- Três semanas?! Vou colocar uma semana na sua ficha tá?
Senão não vão querer te atender e vão te mandar para posto médico.
- Hãm? Tá né!
Voltei para sala de espera, e esperei, esperei, esperei, por
mais 1 hora. Isso porque a amiga da minha mãe estava intercedendo por mim,
talvez apenas em oração, pela demora. Enfim, o médico me chamou. Entrei na
sala, ele olhou minha ficha e disse:
- Hum, dor de cabeça né? Abre a boca. Abri.
Ele colocou aquele palito de picolé na minha “goela” e
disse:
- Sinusite!
- É eu imaginava que fosse mesmo e...
- São 35 anos de profissão minha filha, eu sei o que to
dizendo. Compra esse remédio aqui, é pra tomar 10 dias, mas uma caixa é
suficiente pra você. E toma esse outro aqui pra dor. Vai vê, rapidinho vai
ficar ótima.
Foi assim, minha espera demorou 2 horas e minha consulta 2
minutos. Sei que ele nem lembra dá minha cara, já eu nunca vou esquecer a dele.
Sai de lá correndo, liguei para um amigo, contei a história e pedi pra ele me lembrar
de fazer um plano de saúde no dia seguinte. Levei um SUSto, SUSpendi a ideia de
não ter um plano e pretendo não precisar do SUS nunca mais. O pior é saber que
pagamos caro por isso. Nos impostos e na hora do atendimento.
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